Um salto que parecia impossível
Quando o nome Sandro Dias ainda era sinônimo de vitória nas pistas de skate, poucos imaginavam que, aos 50 anos, ele ainda iria escrever uma página inédita na história do esporte. O Red Bull Building Drop, realizado em Porto Alegre, transformou um mito urbano em realidade: um edifício de 88,9 metros, moldado como um quarter pipe, virou o maior ramp de skate já construído.
A estrutura, equivalente a 21 andares, foi erguida especialmente para o evento. Seu formato curvo permitia que o skatista mantivesse contato com a superfície durante a queda, mas a altura exigia um controle de velocidade e equilíbrio raros. Cada centímetro percorrido representava risco extremo, tanto para a integridade física quanto para a reputação de quem ousasse tentar.
Para tornar o desafio mais manejável, Dias adotou uma estratégia meticulosa. Começou na plataforma inferior, testando pequenos descidas e avaliando a sensação da superfície. Cada volta servia como aula prática, permitindo ajustar a postura, a escolha da prancha e a postura das pernas. Só depois de dominar os primeiros metros, avançou para alturas mais intimidantes.

Do teste ao recorde: a corrida contra o relógio
O ponto de virada aconteceu quando o skatista atingiu a marca de 55 metros. Hoje, aquele salto é lembrado como a primeira prova de que a construção não era apenas um espetáculo, mas um ambiente navegável. O barulho dos espectadores ecoava enquanto Dias acelerava a prancha, alcançando velocidades que ultrapassaram os 100 km/h, conforme medido pelos sensores instalados na pista.
Com confiança renovada, ele subiu para a tentativa de 65 metros – 213 pés – e realizou outra descida impecável. O número de espectadores ao vivo, espalhados por vários estádios e acompanhados por milhões nas plataformas digitais, transformou a façanha em um evento global. Comentadores de diferentes continentes descreviam a situação como "um verdadeiro marco da coragem humana".
A finalização veio com o salto de 88,9 metros. Dias alinhou a prancha, fez a contagem regressiva e partiu. O silêncio foi quebrado apenas pelo som da roda roçando o metal e a explosão de aplausos quando ele chegou ao solo sem perder o controle. O cronômetro registrou a velocidade máxima: mais de 115 km/h, estabelecendo o recorde de velocidade em um drop de skate.
Ao confirmar os números, o Guinness World Records certificou dois títulos: o maior drop‑in de skate da história e a velocidade mais alta já alcançada em uma queda desse tipo. O título não é apenas um troféu; ele abre portas para novas competições, inspira jovens skatistas e demonstra que idade não é barreira quando a preparação é exemplar.
Os organizadores da Red Bull Building Drop ainda não revelaram planos de repetir o desafio, mas já falam em criar variações de inclinação e novas estruturas em cidades distintas. Enquanto isso, Dias virou símbolo de perseverança e criatividade, provando que o skate ainda tem fronteiras por descobrir.