Manifestação no Fórum de Santos revela insatisfação crescente dos servidores do TJ-SP
O clima no Fórum de Santos mudou no último dia 20 de maio. Servidores do TJ-SP cruzaram os braços e ocuparam a entrada principal para cobrar respostas às suas reivindicações. Eles não pediam pouco: reposição salarial de 25,24%, novas contratações e condições dignas de trabalho. Tudo isso após mais de uma década acumulando perdas salariais que corroem o poder de compra da categoria, segundo cálculos apresentados durante a greve.
A parada começou em 14 de maio, quando a categoria decidiu que não dava mais para suportar a defasagem. Em 2024, receberam apenas 5% de reajuste salarial definido unilateralmente pelo tribunal, sem qualquer diálogo real com os representantes dos funcionários. A diferença em relação ao acumulado pela inflação irritou ainda mais os servidores – basta conversar com alguns deles na manifestação para notar o desânimo com o distanciamento da alta cúpula do Judiciário.
A movimentação ganhou novo gás no dia seguinte ao protesto em Santos: na Praça João Mendes, em São Paulo, uma assembleia aprovou por unanimidade a continuidade da greve. O sentimento dos presentes era que, se não pressionassem agora, nada mudaria.
O orçamento do TJ-SP, que passa dos R$ 19 bilhões em 2025, é outro ingrediente-polêmico da disputa. Para os trabalhadores, é incompreensível que, mesmo com tantos recursos, o tribunal siga resistindo a atender o pleito por salários compatíveis com a inflação e contratações para aliviar a sobrecarga nas varas judiciais. A pauta ganhou apoio público de políticos como o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) e da vereadora paulistana Luana Alves (PSOL), ambos discursando na linha de frente junto aos servidores.
Repercussão, pressões e o distanciamento da cúpula
Dentro do tribunal e fora dele, as versões sobre o impacto da greve são diferentes. Para o TJ-SP, a adesão ao movimento é mínima diante do total de funcionários, o que serviria para minimizar o peso das reivindicações. Já entre quem está parado, o discurso é de desvalorização e sufoco: alguns relatam acúmulo de funções e falta de condições básicas para exercer atividades do dia a dia. A greve e os protestos em Santos, portanto, não são apenas uma questão de número, mas de ruptura na confiança e expectativa dos funcionários.
O Fórum de Santos se tornou uma espécie de palco-símbolo do movimento. Com faixas, cartazes e discursos ao microfone, servidores deram visibilidade não só à luta salarial, mas também à busca por respeito dentro do maior tribunal estadual do país. Reforçaram que, sem diálogo verdadeiro, não há solução à vista. Os servidores seguem em estado de mobilização, certos de que, para além de salários, brigam por reconhecimento e condições de trabalho minimamente justas. O impasse parece longe do fim, e o desgaste entre base e cúpula só aumenta, enquanto processos se acumulam e o Judiciário paulista sente os efeitos da insatisfação silenciosa – e agora, escancarada – dos seus próprios trabalhadores.