Na sessão plenáriaAssembleia Legislativa de Alagoas, o Cabo Bebeto, deputado estadual pelo PL, acusou a Sesau de mantê-lo em um impasse financeiro que tem deixado hospitais e projetos de terapia animal à beira do colapso. O que começou como uma reclamação sobre atrasos se transformou em um alerta sobre o abandono de serviços essenciais a pessoas com deficiência.
Contexto dos atrasos no setor de saúde de Alagoas
Desde o início de 2024, o estado vem acumulando dívidas com prestadores de serviço de saúde. Em junho de 2025, o governo de Alagoas já devia mais de R$ 4 milhões à Santa Casa, com pagamentos pendentes há 32 meses. Essas contas atrasadas afetam diretamente a capacidade de manter equipamentos, comprar insumos e, sobretudo, honrar salários de profissionais que dependem desses recursos.
O cenário se agravou quando contratos terceirizados de limpeza e segurança, responsáveis por manter a ordem nos hospitais públicos, ficaram sem receber por quatro meses. Sem a remuneração, muitos trabalhadores têm que escolher entre o sustento da família e a obrigação de continuar a prestar serviço.
Detalhes das denúncias de Cabo Bebeto
Durante a plenária, o deputado relatou o caso de Maria, moradora de Maceió que procurou sua ajuda para relatar a suspensão da terapia equina de sua filha Carlinha, de 20 anos, cuja condição de desenvolvimento equivale à de uma criança de três a quatro anos. A terapia, realizada no bairro Henrique Equelman, depende de repasses mensais que a Sesau deixou de efetuar por 16 meses.
"Sem o dinheiro, não dá para alimentar os cavalos, nem pagar os instrutores. A Carlinha fica sem a única atividade que realmente a ajuda a evoluir", disse Maria ao deputado.
Além da equoterapia, Cabo Bebeto trouxe à tona a situação de Empresa Vital, empresa terceirizada que presta serviços de limpeza nos hospitais. Em 10 de setembro de 2025, um juiz determinou o bloqueio de R$ 1,3 milhão das contas do Estado para quitar salários e vales‑alimentação atrasados há até quatro meses.
"É inadmissível que o Estado continue usando os serviços e, quando o pagamento não sai, culpe a irregularidade do fornecedor. Aqui a regra é simples: se o serviço foi prestado, paga‑se", afirmou o deputado, citando a decisão judicial como prova de que a prática se tornou “um padrão de inadimplência sistêmica”.
Repercussões nos serviços de equoterapia e hospitais
- Suspensão da equoterapia para 12 crianças e adolescentes, reduzindo a oferta em 70%.
- Risco de descarte de animais usados na terapia por falta de alimentação e cuidados veterinários.
- Quarentena de 150 profissionais de limpeza que ficam sem salário, ameaçando a higiene dos hospitais.
- Desmotivação de seguranças que, sem pagamento, deixam de fazer rondas, aumentando a vulnerabilidade de unidades como o Hospital da Mulher.
Os hospitais de Alagoas ainda planejam ampliar leitos – 10 no Hospital da Mulher, 15 no Hospital Santo Antônio e 10 no Hospital Municipal – mas, paradoxalmente, não conseguem garantir o funcionamento básico das unidades que já existem. "Como podemos ampliar se não conseguimos manter o que já temos?", questionou o deputado, ecoando o descontentamento de profissionais da saúde.

Reações da sociedade e das instituições
Organizações não‑governamentais de direitos das pessoas com deficiência reagiram rapidamente nas redes sociais. A Associação Alagoana de Terapia Assistida (AATA) publicou um comunicado pedindo que o governo libere, imediatamente, os recursos para a Equoterapia Henrique Equelman. "A vida de Carlinha e de tantas outras crianças está em jogo", escreveu a presidente da AATA, Ana Lúcia de Oliveira.
Representantes da Sesau ainda não responderam oficialmente ao questionamento de Cabo Bebeto. Fontes próximas ao secretário de Saúde de Alagoas, porém, sugerem que o bloqueio de recursos está ligado a uma revisão orçamentária que ainda não foi concluída.
Do lado do judiciário, o magistrado que concedeu a ordem de bloqueio enfatizou que “a inadimplência do Estado não pode ser usada como justificativa para a precarização de serviços públicos essenciais”. Essa fala reforça a pressão sobre o governo para regularizar os pagamentos.
Perspectivas e próximos passos
Nas próximas semanas, Cabo Bebeto pretende levar o caso ao Tribunal de Contas e solicitar uma auditoria independente dos contratos de terceirização da saúde. Ele também pretende apresentar um projeto de lei que obriga a publicação mensal dos repasses financeiros para contratos de serviços essenciais.
Enquanto isso, a população de Alagoas acompanha o desenrolar dos fatos. “Se a gente não cobrar, vai ficar tudo igual”, disse um morador de Maceió, destacando a importância da mobilização cidadã.
O que está claro é que a disputa não é apenas política; ela afeta diretamente a saúde e o bem‑estar de milhares de alagoanos. O caminho para a solução passa por transparência, cumprimento de contratos e, acima de tudo, o compromisso de garantir que nenhum serviço vital seja interrompido por questões burocráticas.
Perguntas Frequentes
Como os atrasos de pagamento afetam a terapia equina?
Sem os repasses mensais da Sesau, a Equoterapia Henrique Equelman não consegue pagar a alimentação dos cavalos, contratar instrutores e cobrir despesas veterinárias. Isso fez com que 12 crianças, incluindo Carlinha, ficassem sem a única atividade terapêutica que lhes oferece progresso motor e emocional.
Quais são os principais serviços hospitalares que estão sem pagamento?
Os contratos de limpeza e segurança, prestados por empresas terceirizadas como a Empresa Vital, estão atrasados há quatro meses. Consequentemente, cerca de 150 funcionários de limpeza não recebem salários, e o serviço de segurança ficou vulnerável, colocando em risco a higiene e a segurança dos pacientes.
Qual foi a decisão judicial recente envolvendo a Sesau?
Em 10 de setembro de 2025, um juiz determinou o bloqueio de R$ 1,3 milhão nas contas estaduais para garantir o pagamento de salários e vales‑alimentação aos funcionários da Empresa Vital, que estavam sem receber há até quatro meses.
O que o deputado Cabo Bebeto propôs para evitar novos atrasos?
Ele anunciou a intenção de levar a questão ao Tribunal de Contas e de apresentar um projeto de lei que exige a divulgação mensal dos repasses financeiros de contratos de serviços essenciais, além de criar mecanismos de auditoria independente.
Qual o impacto desses atrasos sobre a população geral de Alagoas?
A falta de pagamento compromete a estrutura de hospitais públicos, reduzindo a qualidade da atenção básica e especializada. Além disso, a interrupção de programas como a equoterapia deixa famílias sem alternativas terapêuticas, ampliando a vulnerabilidade de pessoas com deficiência.
Avaliações
É muito triste ver o quanto a falta de pagamento está afetando a vida das crianças que dependem da equoterapia. Quando o dinheiro não chega, os cavalos não são alimentados e os instrutores ficam sem receber. Isso gera um efeito dominó que compromete a saúde mental e física dos pacientes. O apoio da comunidade e a pressão sobre a Sesau são essenciais para que esses serviços sejam mantidos.