Recorde de fábrica, revisão de metas e varejo aquecido: a Samsung está correndo para acompanhar o apetite dos consumidores pelo Galaxy Z Fold 7. Em setembro, a empresa revisou a meta de produção de 200 mil para 260 mil unidades. Em agosto, saiu de uma previsão inicial de 170 mil para 430 mil aparelhos efetivamente montados — superando até o alvo revisado de 320 mil definido às vésperas do lançamento. Em julho, o volume foi ainda mais alto: 1,3 milhão de unidades, o maior já registrado para o modelo em um único mês.
O contraste com a linha de dobráveis em formato “flip” mostra como o público está escolhendo. O Galaxy Z Flip 7 não atingiu as expectativas em agosto: 270 mil unidades frente a uma meta de 340 mil. Já o Flip 7 FE manteve um ritmo modesto e estável, por volta de 20 mil unidades mensais. No outro lado, o Fold 7 não só vendeu mais como também forçou a marca a reconfigurar a cadência das linhas e a carteira de componentes.
Por que o Galaxy Z Fold 7 disparou
O aparelho acertou em pontos que costumavam ser pedra no sapato dos dobráveis: peso, espessura e autonomia. O Fold 7 é hoje o modelo tipo “livro” mais leve e fino do mercado, com 8,9 mm quando fechado, um detalhe que muda a sensação no bolso e na mão. A evolução no conjunto de IA, somada a ganhos de bateria e acabamento, ajudou a trazer usuários que usam o smartphone como ferramenta de trabalho — gente que precisa abrir planilhas, revisar documentos, editar apresentações e fazer videoconferências com conforto.
Para esse público, a tela interna ampla e a multitarefa com janelas lado a lado fazem diferença real no dia a dia. Recursos de IA que transcrevem áudios, resumem notas e traduzem chamadas reduziram etapas que tomavam tempo. O pacote de software também amadureceu: mais apps otimizados para a tela dobrável, gestos consistentes e menos fricção na passagem entre tela externa e interna.
Nos Estados Unidos, a Samsung confirma um avanço de 50% nas vendas em relação ao modelo anterior. Globalmente, a empresa trabalha com a meta de 2,4 milhões de unidades do Fold 7 em 2025 — e, pelo ritmo atual, há espaço para superar esse número. Não é só um pico pós-lançamento: a demanda ficou alta por três meses seguidos, forçando ajustes contínuos na cadeia de suprimentos.
Preço segue sendo barreira, claro, mas programas de troca, parcelamento sem juros e pacotes corporativos ajudam a diluir o impacto. Operadoras e varejistas também têm apostado em bônus de pré-venda e upgrades de armazenamento, o que acelera a decisão de compra de quem já flertava com um dobrável, mas ainda hesitava.
Impacto no mercado e nos planos da Samsung
O salto do Fold 7 aponta para uma mudança de perfil: de nicho entusiasta para ferramenta de produtividade. Empresas começam a incluir dobráveis em políticas de BYOD (traga seu próprio dispositivo) ou em lotes de celulares corporativos, especialmente para cargos que viajam muito e substituíram o tablet pelo smartphone. Essa virada importa porque reforça o valor do formato além do efeito novidade.
Na linha de produção, a Samsung precisou reordenar prioridades. Acelerar o ritmo sem perder controle de qualidade é um jogo fino. Ganhos de rendimento em componentes críticos — como vidro ultrafino e dobradiça — são decisivos para manter o custo unitário em cheque. Ao mesmo tempo, a empresa precisa evitar gargalos de fornecedores e calibrar estoques para não criar excesso em meses mais fracos.
Para o caixa, a equação é favorável. O Fold é um produto de tíquete alto e margens melhores que a média da linha intermediária. Se o mix pende para o dobrável “livro”, a receita por unidade sobe, e a marca ganha fôlego para investir em P&D, tela, bateria e novas funções de IA. O risco? Uma escalada rápida demais pode estressar a rede de assistência e gerar filas por reparos se a base crescer sem expansão de centros técnicos e peças.
Concorrência existe e está mais madura. Gigantes do Android vêm afinando seus dobráveis, e marcas chinesas aceleraram o passo com designs mais finos e dobradiças discretas. Mesmo assim, o ecossistema da Samsung — integração com tablets, relógios e fones, além de recursos de continuidade entre telas — continua sendo um trunfo na retenção do usuário.
No lado do consumidor, os relatos mais comuns destacam três pontos: o aparelho ficou mais confortável, a dobra está menos intrusiva no uso diário e a bateria aguenta melhor um dia pesado de trabalho. O que ainda incomoda? Preço alto e a necessidade de mais apps adaptados para o layout “livro”. Desenvolvedores seguem otimizando interfaces, e a pressão agora é para que bancos, editores de vídeo e ferramentas de CRM tirem proveito da tela dupla com experiências realmente nativas.
O ritmo dos próximos meses vai mostrar se o pico se mantém. Três sinais merecem atenção: estabilidade de produção no quarto trimestre, adesão corporativa em setores como consultoria, saúde e educação, e indicadores de pós-venda — taxa de devolução, tempo de reparo e satisfação do cliente. Se esses números vierem bem, o efeito dominó atinge a categoria toda e acelera a adoção de dobráveis como padrão premium.
- Demanda: três meses acima do planejado, com agosto e julho fora da curva.
- Produto: mais fino, leve e com IA mais útil no dia a dia profissional.
- Mercado: avanço de 50% nas vendas nos EUA frente ao antecessor e chance real de superar a meta global de 2,4 milhões em 2025.
- Desafio: escalar sem abrir mão de qualidade, assistência e apps otimizados.
Para a Samsung, a mensagem é clara: existe espaço para um dobrável tipo “livro” crescer além do nicho — e, quando acerta em design e software, o usuário responde. A empresa mostrou agilidade ao ajustar metas e linhas de produção; agora, o jogo é sustentar a curva, ampliar parcerias com desenvolvedores e manter o pós-venda pronto para uma base maior.